quinta-feira, 11 de junho de 2015

Espaço: a terra da alma

Para abrir o peito e os braços
E abraçar a vida
É preciso espaço
Para rodopiar e girar com o vento
Para subir o ar que alimenta o fogo
É preciso rodopiar para arar a terra
Traçar os sulcos com o pés
Há de se limpar o campo
Semear a alma
Cavar para reencontrar
o cordão umbilical com a terra
Cravar no chão a energia que vem do céu
Encontrar o eixo
Manter-se no eixo
Revirar.. invadir...
ocupar... reivindicar...
Renascer a terra da alma
Abrir-se ao espaço

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Ambiguidade

Eu tenho asas e garras
Eu sei voar...
Eu tenho pétalas e espinhos
Eu sei desabrochar...
Eu tenho correntezas e enchentes
Eu sei amar...
Entre brasas e incêndios, ventanias e fastios, saudades e desejos
Eu sei...
Eu sou

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Supernova

E tornei-me outra vez em chamas
Quando o amor inflou dentro do meu peito
A escuridão se dissolveu em gás...
E meu corpo foi tomando de calor...
Meu coração outra vez em brasa
Hipnotizada em sua gargalhada
Atenta ao seu olhar
Saudosa do seu abraço
De dentro pra fora renascendo de mim mesma
Elétrica
E por ter sido completamente tomada por esse amor
Parou de doer
Tomou por completo
E agora estou incandescente
Iridescente
Explodindo em milhões de partículas
Brilhantes
Pulsantes
Até que dois se tornem um
Do plural tornar a singularidade
Que reverte o tempo
Quebrando o espaço
Estilhaça o universo
Para voltar a ser outra vez escuridão
E poder renascer infinitamente...

Sem fiança

O coração que tinha dono 
Hoje está pra alugar
Ao viajante
Ao passante
Ao transeunte
Que refaça o reboco das paredes
Dê retoques na pintura
E jogue fora de vez a fechadura
E com sorte seja militante
Ocupante

E decida enfim ficar

Pra dois

E quando o raio de sol atravessou a minha alma
Meu corpo estava nu
Sem subterfúgios
De tão claro nada se poderia esconder
E assim tão límpido
...refúgio do coração
Assim, com tanto espaço
Casa para dois

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Foz

Você deságua em mim
Vindo de um curso revolto, enfim, descansa
Sem a contenção das margens...  espalha-se
Espelha-se...  reflete a imensidão
O doce penetra o sal
Misturam-se, juntam-se, perdem-se
Sou mar aberto de ondas volumosas
Voluptuosas
E você, rio forte e constante
Empurra o jorro de água
O rio invade o mar
A correnteza-falo entranha-se na onda-ventre
Faz-se a comunhão
O prazer dos fluxos libertos
Quando as águas se tornam outra vez uma só